Há anos sou cobaia num valioso experimento. São duas as cidades e quatro as praias nas quais a expectativa pega um jacaré:
(letras = causas, números = consequências possíveis)
A. EXPECTATIVA POSITIVA (ansiar um resultado agradável):
1. se o resultado é bom: depressão da surpresa - da gostosura.
bonus track: inflação de ego, inflamação da auto-confiança, desadaptação
2. se o resultado é ruim: decepcão.
bonus track: rebaixamento da auto-estima, inferiorização do ego
B. EXPECTATIVA NEGATIVA (esperar por um resultado desagradável):
3. se o resultado é ruim: dilatação do sentimento de impotência.
bonus track: inferiorização do ego e forte rebaixamento da auto-estima
4. se o resultado é bom: surpresa.
Apesar da portinha 4 ser aparentemente a boa opção, há também um efeito colateral neurótico de se apostar sistematicamente nela: auto-depreciação e redução progressiva da energia focada nas ações presentes - se creio em minha constante incapacidade, inutilizo qualquer tipo de determinação, disciplina ou vontade: o que só pode adstringir a satisfação.
Nenhuma delas agrada (embora possam ter utilidade em aplicações especiais, as quais não descrevo agora), e o que há em comum é a inimizade aguda pela incerteza. Outra desvantagem, que alias tenta passar faceira e desapercebida, é a de minar a autenticidade e espontaneidade dos gestos. A expectativa é uma peça fundamental na engrenagem querer-ser/ fazer-ver. Quanto maior a expectativa, maior a afetação e artificialidade dos modos.
Um Pacto de Varsóvia com a insegurança, ou seja, a aplicação de um real "tanto faz", canaliza o máximo da energia psíquica para a própria ação do sujeito. No entanto, a conquista do tanto-faz é caríssima, na base de cansaço, observação e mergulhos no vazio.
Não há paz com a insegurança enquanto não se cria intimidade com a natureza vazia do ego. E este é outro papo.
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